(poema feito em 2019)
Na arcada dentária
Não tem dente de siso
Meu corpo sem juízo
Não tem pé nem cabeça
É vontade pura
É nevoa ofegante
É desejo guloso
Amorfo
Bom prestador de serviços
adapta-se a clientela
Meu sexo é vinho
que escorre pelo canto dos lábios
ao fartar a sede
Nele cabem todos os tamanhos
Todos os gozos
E eventualmente os choros
(Oh pobre menino, o que ela te fez dessa vez?)
Psicóloga sem o mínimo de ética
Meu colo é o divã dos caídos
E minha terapia e pela fala
(Esse fumo excessivo é evidente fixacao oral, meu bem)
Os sinais da análise são atos falhos na cama
Se ele puxa meu cabelo
(É pela busca de algo verdadeiro
Para se agarrar?)
Se empurra com força contra meus quadris
(E por vontade de ser capaz de controlar algo de novo?)
Se entoa o gemido que não solta com ela
(Continua com ela por autopunição?)
Eu já sei o diagnóstico
O tratamento leva tempo, necessita de...
Internação.
Ah, mas a sereia que canta também é encantada
Hoje carrego preso a boca o anzol do teu desejo
Que envergonha-me por expor que cedi a tentação
Mas orgulha-me por indicar que(pelo menos)
Pescar e comer era sua intenção
(Espero que não frita
Mas bem assada)