28/02/2016

Cabelos azuis são uma feliz constante

As voltas dos teus cachos azuis são as ondas que me carregam numa ressaca.
   A tua maré puxa meu dedo indicador em direção a um de teus cachos, no qual enrolo e desenrolo, olhando para os teus olhos oblíquos, mas não de dissimulada, que fico encarando para descobrir se mudam de cor, se consigo descobrir que fórmula mágica a natureza usou pra criar a sua alma.

  Morena como rio fértil, me pergunto se não é o teu coração  o exemplo perfeito de uma casa para uma sereia morar.

  Teu corpo é natureza, e minha saudade é árvore que cresce no peito, e morre sempre que sua risada tímida ecoa ao meu redor e que  infelizmente renasce a cada tchau que temos que dar na despedida.

  Se sete vezes escrevi seu nome, sendo a sétima na minha própria pele, foi para que as curvas de teus "as" resgatem desta correnteza de pensamentos confusos, as doces sensações que você me causa.

Vem, entrelaça tua mão na minha e façamos juras de eterna amizade,  pois mesmo que meu amor ocupe meu coração inteiro, você tem morada reservada nele.

  Vem rir do mundo e cozinhar, ter o corpo derretido pelas danças, vem ao meu lado caminhar. Que deus, se existir, não permita que eu morra sem antes lhe beijar.

25/02/2016

Versos soltos do teu corpo

Eu amo seu corpo
Pois ele carrega a complexidade aparentemente simplória que você é.
Eu amo o cheiro do teu corpo que gruda no meu corpo e me embala o sono
Eu amo seu corpo
Com todos os quilos a mais
Pois você é muito homem pra caber em pouco espaço.
Eu amo seu corpo e desejo ele por inteiro
Em. Cima. De. Mim.
Desejo partes dele
Dentro. De. Mim.
Eu amo sua cor de madrugada
Na sua pele quente como noite de Janeiro
E amo como o seu corpo me deixa molhada
Como as chuvas de fim de  março
Pois teu sexo é quente como verão
Eu amo como seu corpo faz música
E como os teus pés dançam
E como o teu gosto faz morada na minha língua
Eu amo sua amizade
Que como um pilar, sustenta minha dor Para que eu possa andar sozinha
Eu amo como a risada sincroniza
E como você é tão idiota, as vezes
E eu sou tão idiota, as vezes
E te desejo o tempo todo
Ao meu lado
Pois eu amo seu corpo
E o ser complexo aparentemente simplório que ele carrega

07/02/2016

Os pecados diários da tristeza

Gula
Assalta a geladeira de madrugada e come compulsivamente por algo que não é fome. Mas de dia come mecanicamente uma gororoba para depois vomitar a comida requintada, vomitando junto um pouco de si, um pouco dos sonhos que ainda tinha.
E tendo que limpar tudo depois. Para nao incomodar ninguém

Vaidade
Quantifica os likes em selfies para ter a atenção que seu pai não a deu

Luxúria
Fuma um Marlboro e bebe uma garrafa de Absolut
Por algo que não é auto preservação
Dá seu corpo num banheiro sujo
Por algo mais primal que o desejo

Preguiça
Passa o dia jogando
Para preencher o vazio das horas
Dorme até mais tarde
Por não conseguir levantar

Inveja
Sonha com a vida do vizinho. Com os likes da loira. Com a roupa da morena.

Ira
Com raiva de sua inutilidade
Usa uma tesoura para ferir-se
Pela falta de um estilete

Avareza
Economiza caracteres no twitter por nunca ter algo bom a dizer.

Nojo
É o que ela sente ao olhar sua imagem refletida no espelho. Os mesmos olhos negros de abismo, que a encaram e a puxam para as profundezas.
Corre pró banheiro, e tenta lavar-se dos erros e dos homens. O sangue dos cortes se amotoa em seus pés.
Fede agora a sabonete barato, enquanto senta nua no chão do box, enquanto a água gelada cai, enquanto o sangue escorre e seus pecados a levam direto ao abismo.

04/02/2016

O meu querer

Eu queria tanto provar uma boca
Que não fosse apenas uma boca a ser provada
Que pertencesse a um corpo cheio de desejos
Cujo maior desejo não fosse ser apenas um corpo
Queria entrelaçar meus dedos numa mão
Que não planejasse soltar tão cedo
Queria olhar nos olhos de alguém e ver espelhado
A certeza de um amor tranquilo
Eu queria risadas sincronizadas, sexo sonoro e úmido, conversas profundas e variadas
Eu queria ter certeza que os relógios não marcassem despedidas
Eu queria ser abraçada e receber cafuné vendo filme de madrugada
Eu queria dançar e deixar a roupa suada, grudada no corpo, num prelúdio derretido do deleite da cama.
Eu queria algo além de promessas.
Queria uma ponte que destruísse distâncias
Eu queria mais agoras e menos "quem sabe um dia"
Eu queria não querer tanta coisa
Eu queria que o que eu quero ocorresse
Eu queria que o meu querer no meu peito coubesse.