24/04/2016

Sobre ser e os remédios ou Uma bosta nonsense

Eu não sentia nada
Estava dormente, inerte, com a esperança (a última que morre) já apodrecida.
Vivendo as horas como se fossem dias, evitando olhar as marcas de um passado estampadas no pulso esquerdo.
Letárgica numa agonia trágica, que beirava o desespero de não ter boca
E querer gritar

De repente, na minha prisão diária, uma dor excruciante vinda de um objeto perfuro-cortante me tirou o sangue e me acordou, no efeito inverso da agulha que adormeceu Aurora.

E doeu acordar, pois estava desacostumada a respirar sem aparelhos.
E tropeçando nos meus próprios pés, busquei braços para  me apoiar.
Sem perceber que teria que aprender a andar sozinha.

Então meu amado caos me fez uma visita, entrando na minha corrente sanguínea.
O caos por intravenosa agiu como veneno, e como efeito colateral me fez transbordar  em água salina
O meu corpo não estava mais meio cheio nem meio vazio

Estava limpo e incorrupto como um copo recém lavado com detergente barato.

E agora é meu trabalho preenche-lo  com amor próprio.

Mas ainda não vendem pílulas de autoestima na farmácia.